segunda-feira, 30 de maio de 2011

Gelati Nico




Tá tão quente que só consigo pensar em sorvete! Sempre a minha gula
evidente aqui no blog.

Em Barcelona tem boas sorveterias, mas não se comparam com as
italianas. Pode ter o italiano no nome, dizer que o sorvete, o dono, a
receita vem de lá, que eu continuo preferindo os originais.

Claro que quando estou aqui, fico feliz e contente com as imitações, mas
nada como tomar um sorvete em Veneza, vendo o pôr do sol.

Esse é meu atual problema. Desde que comprei minha passagem para fazer
mais uma viagem à Itália, só consigo falar de Veneza. E aproveito para avisar
que vão ter muitos posts sobre o país nos próximos tempos. Estou contando
os dias para a minha chegada. Pensando nas minhas amigas, nas comidas,
nas ruas de Roma, no Lago de Como. Mas prometo na volta escrever sobre tudo
o que encontrar.

Mas voltando ao sorvete...A Nico é a melhor opção na cidade. Melhor
textura, melhores sabores e melhor vista. Não é difícil encontrar uma boa
vista em Veneza, mas no final da tarde, sem dúvida a mais bonita é a do
Sestiere Dorsoduro, de frente para a ilha da Giudecca. Andar por
toda a costa e, perto da hora do pôr do sol, parar para um sorvete é um
dos meus programas preferidos na cidade. O sol quase se põe na água e
o céu está limpo e azul nessa época do ano. Que saudades de Veneza...
























Os céus e as tormentas do inglês William Turner são inesquecíveis.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Manufaktura


























Apesar da idade, as lojas de brinquedo continuam me fascinando. Sou
capaz de ficar horas brincando e Praga é a cidade ideal para isso.

Conhecida como a cidade das marionetes, o que mais tem são lojas com
bonecos, ventrílocos, tudo feito a mão.

Difícil é escolher em qual das lojas entrar. Tem desde banquinhas turísticas
a ateliers super antigos. Uma das que mais gostei, onde, além dos brinquedos,
tem sabonetes, cremes, coisas para casa, é a Manufaktura.

Fiquei com vontade de comprar todos os fantoches e ratinhos de madeira,
mas não tinha espaço na mala e me contentei em levar só um cavalinho azul
de pano. Mas saí feliz.

A loja é uma rede e está espalhada pela cidade. Os espaços são sempre super
bonitos, simples, com móbiles pendurados e bruxas no corrimão. Para quem
estiver em busca de brinquedos para filhos, netos, sobrinhos, um aviso, depois
vai ser muito difícil dar o presente. Em lugares como este todo o mundo volta
a ser criança.








Charles Eames dizia, ¨os brinquedos não são tão inocentes quanto parecem.
São prelúdios para idéias sérias¨. Ele e Ray foram crianças a vida toda e 
desenharam muitos brinquedos para seus filhos e para os filhos dos outros. 

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Pavilhão Barcelona







Quando comecei a estudar arquitetura o Mies era meu arquiteto preferido. 
Pensava que, conforme crescesse, mudaria de idéia, conheceria outros, me 
encantaria por uma arquitetura mais contemporânea. Mas não, quanto mais 
o tempo passa, mais gosto dele. 

Demorei para entender suas obras, ir além da sua beleza estética e perceber 
o que estava por trás. Mas depois de conhecer algumas de suas obras e de
uma aula sobre o Pavilhão Barcelona, descobri mensagens em seus edifícios 
e passei a admirá-lo ainda mais. 

Construído para representar a Alemanha na feira mundial de 
1929 em Barcelona, o curioso é entender o porquê deste país, com o 
nazismo em ascensão, contratar um arquiteto modernista como Mies van 
der Rohe. Como esperado, seu edifício não tinha absolutamente nada a ver 
com as outras obras construídas na feira. E é exatamente este diferencial, 
esta sensação de pioneirismo, que os alemães buscavam quando o contrataram. 

Apesar de aceitar o encargo, Mies era contra o regime, e isso fica claro 
analisando o pavilhão. Consciente do poder das imagens e dos símbolos, ele, 
em pequenos elementos presentes no projeto, dá pistas da sua posição política. 

Não posso contar tudo para não estragar a surpresa. Só posso dizer que é 
preciso analisá-lo com calma. Posso dar umas dicas: ele tem elementos de
uma arquitetura conhecida? Onde está a bandeira alemã? O que está fazendo 
a escultura? As respostas não são tão difíceis, mais difícil é entender o que está  
por trás delas.

Preciso parar senão vou contar tudo, como meu padrasto, que conta o final 
dos filmes....




É preciso atenção para as imagens de Thomas Demand. Ele registra 
maquetes de papel que recriam fotografias publicadas nos 
meios de comunicação.

domingo, 22 de maio de 2011

Monastério de Pedralbes






























Em todas as grandes cidades existem cantos escondidos em que é possível,
nem que seja por pouco tempo, esquecer que estamos em uma metrópole e
sentir que fomos viajar.

Em Barcelona este lugar é o monastério de Pedralbes, onde já na entrada
me sinto em outra época, em outra cidade. O barulho, o ritmo, a energia
do centro parecem ficar para trás, muito distantes.

Para chegar é preciso subir a diagonal inteira, ir bem para o norte, mas
compensa. Dá para ir de ônibus, taxi, ou bicicleta, como gosto de fazer,
mas já aviso que é uma boa subida.

O monastério é um conjunto de edifícios do século XIV, com o estilo gótico
catalão. Com Igreja, museu, e um jardim interno. Por muito tempo ali viveram
monjas clarisas e dá para conhecer os seus quartos, a cozinha e o refeitório.

O claustro é inesquecível e agora na primavera está cheio de rosas, laranjeiras,
além de uma horta de temperos. Para desenhar, ler e escrever é um dos melhores
lugares da cidade. Com seus arcos infinitos e o ritmo de suas colunas.























A repetição na obra de Hedi Slimane, fashion designer e fotógrafo francês.

sábado, 21 de maio de 2011

Libreria Acqua Alta





















Perdendo-se pelas ruas de uma cidade encontramos os lugares e as pessoas
mais interessantes. E, sem dúvida, uma das melhores cidades para andar sem
rumo é Veneza. Perder- se por suas pontes, canais, ruazinhas, como em
uma perseguição ao amor.

E foi ali, em uma parte menos turística e explorada da cidade, que conheci
um dos lugares e personagens mais curiosos. Desde fora já dá para perceber
que a Libreria Acqua Alta não é uma loja de livros qualquer.

Os livros estão "organizados" em pilhas e mais pilhas em prateleiras e
dentro de gôndolas. Se fosse só este o diferencial, a loja seria bem normal,
mas é preciso explorar um pouco mais para descobrir  a graça do lugar.

Sentado em uma cadeira, quase escondido pelos livros, está Luigi, um
personagem inesquecível. Logo ao entrar ele diz: siga os passos! E no
chão azul estão pintadas pegadas amarelas que te levam ao final da loja.
Não posso contar o que revelam para não estragar a surpresa...

Conversando um pouco mais, ele aos poucos explica os objetos, os livros,
os cartazes espalhados pela loja. " Olha esta imagem. Agora anda. Viu?"
ele explica o quadro com uma perspectiva que te "segue".

Antes de ir embora ele me alerta:
"Cuidado, Veneza está cheia de Casanovas! Como eu!".



















O fotográfo japonês Junku Nishimura segue passos e registra a passagem de
mulheres na cidade.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Palmenhaus






















Cheguei em Viena super cedo, atravessei a cidade a pé e uma
das primeiras coisas que fiz foi procurar um parque, coisa que esta cidade
monumental tem de sobra. Deitei na grama e passei um bom tempo vendo
o movimento, vendo a cidade acordar.

Passeando não conseguia parar de pensar um minuto no filme ¨Antes do
amanhecer¨. Ele marcou minha adolescência e, aposto que, a de muita gente.
Acho muito bonita essa idéia de passar uma noite vagando pelas ruas, pelas
praças, e dessa forma descobrir uma cidade, nossa companhia, nós mesmos.

Viena é uma cidade bem cara, então se sentar em um restaurante, tem que se 
preparar para pagar uma conta mais no estilo Paris. Mas, tem lugares bem
legais que valem a pena. Nem que seja para tomar algo ou comer uma 
salada. 

O restaurante que mais gostei foi o Palmenhaus. O edifício de aço e vidro, 
de 1901, tem o estilo dos grandes pavilhões do século XIX, como o Palácio 
de Cristal. Quase todos destruídos, mas este sobreviveu e fica no 
interior do parque de Burggarten, um dos mais bonitos da cidade. 

O lugar dá a sensação de que estamos comendo na natureza. O 
invernadeiro e o borboletário ainda existem e várias plantas invadem o espaço 
do restaurante.

Vale para tomar café da manhã no exterior, em mesas voltadas para o
parque. O almoço também é bem bom, com saladas muito frescas e recomendo
uma sopa que adorei, uma espécie de gazpacho (sopa fria espanhola de tomate), 
de pepino. No jantar o melhor é sentar no interior, pedir um prato, eles tem boas
carnes, e não deixar de provar uma boa sobremesa vienense. Mas aí, tem que
lembrar da conta...
























O pintor francês Claude Monet era um observador da luz e registrava as
mudanças nos ambientes de acordo com a hora do dia, a estação do ano e
o tempo.