Fotos Nelson Kon |
¨A discussão política é sugerida pelo traço poético da arquitetura, através
da emoção e das possibilidades de construção do espaço.¨[1]Desde sua construção, em 1988, o Mube é circundado por um fluxo intenso
de automóveis que passam diariamente pela Avenida Europa, importante
eixo viário da cidade, e por grandes casarões do Jardim Europa.
Ele nasce como uma resposta do arquiteto Paulo Mendes da Rocha ao
entorno e ao caos urbano.
Nascido em Vitória, no fim dos anos 20, Paulo formou-se no Mackenzie.
Mas, além das questões formais, sua atitude arquitetônica se destaca
Ao projetar o MuBE, Paulo parte de um gesto essencial, de uma ideia
Porém, apesar de Paulo articular muito bem o volume principal e aproveitar
as diferenças de nível do terreno, as grades que o circundam delimitam
uma barreira física que interrompe a continuidade entre a calçada e a
esplanada, entre o público e o privado, enfraquecendo o seu caráter de
museu praça.
Praça esta que, além de abrigar exposições de esculturas ao ar livre, deveria
ser, assim como o vão livre do MASP, um lugar cívico e político.
Um lugar para o encontro, em contraposição às mansões muradas do bairro
jardim que o circunda. A esplanada externa, que deveria funcionar como uma
Além de um grande gesto arquitetônico, o MuBE é um gesto político.
Traz em sua essência a vocação de reequilibrar a relação entre público
e privado. Porém, gradeado, com guaritas de segurança e sem a
livre passagem, existe a praça do povo?
eixo viário da cidade, e por grandes casarões do Jardim Europa.
Ele nasce como uma resposta do arquiteto Paulo Mendes da Rocha ao
entorno e ao caos urbano.
Nascido em Vitória, no fim dos anos 20, Paulo formou-se no Mackenzie.
Desde seus primeiros projetos, estruturas racionais, em concreto
armado aparente, vencendo grandes vãos, é clara a influência das obras
e da ideologia de Vilanova Artigas e do modernismo.
Mas, além das questões formais, sua atitude arquitetônica se destaca
pela abordagem do território da cidade como o lugar das relações
humanas, como dispositivo para a existência em coletividade.
Ao projetar o MuBE, Paulo parte de um gesto essencial, de uma ideia
antiga de abrigo, para criar, entre o fora e o dentro, a praça, uma
continuação da cidade. Como uma paisagem modelada, o edifício afirma
o caráter urbano da área e contrasta radicalmente
com o que está
ao seu redor. Desafia os limites do lote e se impõe como uma área de
respiro, um alargamento das
calçadas.
Porém, apesar de Paulo articular muito bem o volume principal e aproveitar
as diferenças de nível do terreno, as grades que o circundam delimitam
uma barreira física que interrompe a continuidade entre a calçada e a
esplanada, entre o público e o privado, enfraquecendo o seu caráter de
museu praça.
Praça esta que, além de abrigar exposições de esculturas ao ar livre, deveria
ser, assim como o vão livre do MASP, um lugar cívico e político.
Um lugar para o encontro, em contraposição às mansões muradas do bairro
jardim que o circunda. A esplanada externa, que deveria funcionar como uma
espécie de ágora, um lugar de exposição das pluralidades, um palco de
ações e palavras, hoje, apesar de sua potência, não cumpre plenamente
o papel a que se propõe. Além de um grande gesto arquitetônico, o MuBE é um gesto político.
Traz em sua essência a vocação de reequilibrar a relação entre público
e privado. Porém, gradeado, com guaritas de segurança e sem a
livre passagem, existe a praça do povo?
"Quero moldar o espaço com espírito delicado e artesanal.
Porém estou disposto a penetrar neste espaço utilizando violência".
Assim como Paulo Mendes, no projeto do Chichu Art Museum, localizado
na ilha de Naoshima, o japonês Tadao Ando radicaliza ao optar por
submergir todo o volume do seu edifício abaixo da terra.
Assim como
no Mube, existe a continuidade da paisagem, um
horizonte amplo e infinito, onde o museu desaparece e o que ganha
destaque é a arte em seu interior. Sua arquitetura, ao
mesmo tempo silenciosa, deixa uma marca no terreno e naqueles
que a visitam.
horizonte amplo e infinito, onde o museu desaparece e o que ganha
destaque é a arte em seu interior. Sua arquitetura, ao
mesmo tempo silenciosa, deixa uma marca no terreno e naqueles
que a visitam.