Há pouco mais de um ano foi inaugurado o SESC Belenzinho, uma das mais
novas unidades da rede. Os antigos galpões de tecido, que funcionavam como
sede provisória, foram demolidos e no lugar foi erguido um edifício com
projeto do arquiteto Ricardo Chahin. A eficiência energética e a preservação do
meio ambiente é um dos diferenciais da unidade.
O Belenzinho, como é conhecido, foi sede de duas das melhores mostras do ano:
Panoramas do Sul e Olafur Eliasson, seu corpo da obra. Ambas fazem parte
da programação do 17 Festival Video Brasil, um festival internacional de arte
contemporânea.
A mostra Panoramas do Sul foi composta por um conjunto de obras realizadas
em diversos suportes e meios por artistas nacionais e internacionais. Entre
instalações, pinturas, esculturas e vídeos, as obras foram divididas pela equipe
de curadores, que tem como curadora Geral, Solange Farkas, em quatro recortes:
Cartografias do Afeto, Natureza e Cultura, Paisagens Políticas e Mecanismos
Geradores.
Solange tem quase 30 anos de estrada como curadora e é responsável pela
criação e direção deste festival que a cada ano ganha mais visibilidade. Como
diretora do MAM da Bahia, cargo que ocupou por alguns anos, ela conseguiu
reerguer o museu e realizar uma reforma no edifício histórico que, na década
çde 60, passou por uma intervenção de Lina Bo Bardi.
A mostra Panoramas do Sul terminou no começo de dezembro, mas ainda
dá tempo de ver as obras do artista dinamarquês Olafur Eliasson,
que, além do SESC Belenzinho ocupam o Sesc Pompéia e a Pinacoteca
do Estado.
Olafur é conhecido por suas grandes instalações, que brincam com a
percepção sensorial, com as noções de tempo e espaço, e esta é a primeira vez
que o artista realiza uma mostra individual no Brasil e na América Latina.
O tema do corpo e sua relação com o espaço e entorno estão no centro
deste conjunto de obras expostas em São Paulo. Sugerindo que o espaço é
um catalisador de comportamentos e atitudes e que o envolvimento do
público possibilita a sua existência.
No Brasil da virada dos anos 50 Hélio Oiticica dilui o suporte
artístico e trabalha o corpo na cidade, uma cidade viva, pulsante.
Preocupado em catalisar a criatividade de outras pessoas, Oiticica
proclama a diferença e a diversidade. Seu trabalho constrói a
ideia do corpo com liberdade espaço-temporal, aberto a novas
experimentações.
coloridas de algodão ou náilon, com poemas, para serem vestidas
ou carregadas por um ator/espectador. Com eles, o artista cria a
metáfora do corpo livre, em oposição à exclusão, fruto da
desigualdade sócio-econômica, e à censura gerada pela violência
da repressão militar.