terça-feira, 30 de novembro de 2010

Vitra Campus





O Vitra Campus é um complexo de edifícios criado pela Vitra, uma empresa 
de objetos e mobiliário de design. Ele fica na Alemanha, em Weil am Rhein, 
mas está ao lado de Basel, cidade suiça que recomendo dar uma passada.  

Seu conceito surgiu depois de um incêndio em 1981 que destruiu 
praticamente toda a antiga fábrica da empresa. A idéia era reconstruí-la com 
uma arquitetura funcional, um entorno que motivasse e um forte conceito 
estético por trás.  Para isso eles convidaram os principais arquitetos e 
escritórios de arquitetura do mundo para projetar os novos edifícios. 

Nicholas Grimshaw foi quem projetou o primeiro edifício da nova leva. 
Depois dele veio uma sequência impressionante: as fábricas, por Alvaro Siza 
e pelos japoneses do SANAA; o Vitra Haus, espécie de loja museu com os 
produtos da marca pelos suiços Herzog e De Meuron; o Vitra Design Museum 
pelo americano Frank Gehry; o centro de conferências de Tadao Ando. Estes 
são só alguns exemplos. 
O complexo tem edifícios de Zaha Hadid, Jean Prouvé, Buckminster Fuller e 
até a parada de ônibus foi projetada pelo designer Jasper Morrison. 

Também difícil esperar outra coisa de um nome como a Vitra que há 50 anos 
produz móveis desenhados pelos principais designers vivos e que já passaram 
por aqui. Phillipe Starck, Charles e Ray Eames, Verner Panton, Eero Saarinen,
Max Bill, Josef Albers são só alguns deles. 

Este lugar poderia render cinco posts pela quantidade de coisas para ver e 
descobrir lá. Tanta coisa que apelidei de parque de diversões para arquitetos 
e designers. Mas a verdade é que acho quase impossível não gostar da Vitra. 


Nesta obra, Split House, Gordon Matta-Clark parte cuidadosamente ao meio 
esta casa. O artista americano, formado em arquitetura, se encanta com o 
movimento da desconstrução e realiza diversas intervenções em casas 
abandonadas na década de 70. Matta Clark trabalha com o espaço, tira 
secções, retira fachadas, intervém nos edifícios construindo outra realidade.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A Casa Portuguesa
























Quando sinto falta de casa- e quando digo casa falo tanto do Brasil quanto
do ano em que morei no Porto- corro para A Casa Portuguesa. O nome é assim 
mesmo, com artigo definido, porque não é uma casa qualquer, é toda feita 
para lembrar a terrinha.

Lá eu encontro as famosas bolas de Berlin ( como eles chamam os sonhos 
em Portugal), os bolinhos de bacalhau e muitos outros clássicos da culinária 
lusitana. Tem tudo que um bom "tuga" (como eles se auto denominam) gosta, 
e ainda faz o maior sucesso entre os catalães. Tanto sucesso que eles estão 
abrindo um segundo espaço em Barcelona.

O primeiro fica em uma das ruas mais legais da cidade, no bairro de Grácia, 
na carrer Verdi (em homenagem ao compositor). Um bairro super barcelonês, 
pouquíssimos turistas, loja da esquina, gritaria na saída das escolas.

Um dos donos, Pedro, que já vive há alguns anos em Barcelona, diz que a ideia 
é recriar o ambiente de um típico café português. Os vinhos, os azulejos na
parede, a decoração, a trilha sonora. Lá eles vendem até os famosos sabonetes
da Claus, feitos no Porto.

Quando a Marta, minha irmãzinha espanhola (com quem morei no Porto) veio 
passar uns dias aqui em casa levei ela lá. Depois de dividirmos um pastel de 
nata e dela tomar uma meia de leite, conversamos horas e horas como fazíamos
todas as noites na nossa casa portuguesa....
























Obra do fotografo cubano Abelardo Morell que ficou conhecido por
construir suas imagens através da técnica da câmera obscura. Ou seja,
transformando os ambientes em câmeras pin hole ele recria o fenômeno
óptico que dá origem a fotografia.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Llibreria Sant´Jordi






Em uma tarde voltando para casa pela famosa rua do bairro gótico
barcelonês, Carrer Ferran, encontrei a Livraria Sant´ Jordi. A rua, apesar
de muito turística e sempre cheia não importa a hora e o dia do ano, tem
muitos lugares para serem descobertos e explorados. Esta livraria é um
deles.

Fundada em 1928, ela é administrada por José Morales e seu filho.
A paixão dos donos fica evidente na vitrine, onde já se percebe a
especialidade da livraria: arte, arquitetura, fotografia, design.

Os dois estão sempre prontos para indicar o que saiu de melhor e mais
novo. Tudo é escolhido com muito critério, "só aquilo que tem de bom",
diz o filho. Mas claro que existem obras com outras temáticas, mas sempre
por um bom motivo.

Mas meu fascínio vai muito além dos seus livros. Amo a maneira como
eles estão expostos, em pilhas, meio desordenados. A arquitetura da loja,
com sua vitrine com uma cortina antiga, seu piso de ladrilho, suas
prateleiras quase desabando. Quando entro me lembro da antiga biblioteca
da minha avô, do monte de livros, do cheiro.

Para quem gosta do tema, é sem dúvida uma das melhores lojas da cidade.
Entre com paciência, com vontade de procurar algo escondido e
preparado para grandes surpresas.



























Esculturas efêmeras, ou melhor, fotos das esculturas construídas
pelo artista James Nizan.
O conhecido fotógrafo canadense expôs o registro desta série
em que empilhou objetos encontrados em um antigo edifício
de habitação popular.  

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Istituto Veneto di Scienze Lettere ed Arti






















Localizado em um dos encontros mais bonitos de Veneza, entre o Campo de
San Stefano e o Campo San Vidal está o Instituto Veneto de Ciências, Letras 
e Artes. Em 1999 a sede do instituto foi transferida para o Palazzo Franchetti,
um palácio gótico voltado para o Grande Canal; amplamente reestruturado
entre os séculos XIX e XX pelos arquitetos Camillo Boito e Giovanni
Battista Meduna, grandes nomes do restauro italiano.  

O edifício está em um eixo artístico da cidade, na beira da Ponte della
Accademia, que apesar de não ser um ícone como a do Rialto, é tão bonita 
quanto ou até mais. Com o melhor da arquitetura veneziana, as texturas do 
palácio impressionam. Desde os detalhes nas janelas e portas, ao seu
interior, com escadas, pisos e tetos trabalhados.

Mas muita gente passa por lá e não imagina que no interior estão as
exposições mais interessantes de Veneza. No fim de semana passado,
quanto estive na cidade visitando a Bienal de Arquitetura, por acaso entrei
e encontrei uma mostra de fotos do cineasta Stanley Kubrick. Pode não ser
surpresa para muitos, uma vez que é esperado que os melhores diretores de
cinema sejam bons fotógrafos, mas fiquei fascinada com a qualidade de suas
imagens. A capacidade de narração, a sutilieza das luzes, a beleza dos
enquadramentos dos seus filmes estão, ou quem sabe derivam, de suas
fotografias. 

A mostra, programada para terminar no dia 14 de novembro, foi prorrogada
até o dia 8 de dezembro. Para os que tem sorte de estar por perto, não percam.
Para os que estão longe vale ver mesmo que seja em uma tela de computador.

Fotos do cineasta Stanley Kubrick. Carregadas de romance, drama e mistério. 

domingo, 21 de novembro de 2010

Happy Pills


















































O lema da Mary Poppins poderia ser adotado por essa loja:
“a spoonful of sugar helps the medicine go down!”. É bem esta a idéia.

Os tradicionais vidros de remédios, aqui, são cheios com balas, gomas e 
todas as outras drogas deste gênero. Este diferencial da Happy Pills em 
relação as outras mil doceiras tradicionais de Barcelona garante o seu 
sucesso e a constante fila na porta. A loja está espalhada por todo o mundo
e tem motivo.

Nos rótulos eles especificam a indicação: dor de amor? Falta de apetite? 
Vale também sugerir um tratamento para seu namorado, amigo: ¨Contra os 
domingos de futebol¨. Ou até usar como desculpa: ¨Para que saiba que fiz
sem querer¨. Enfim, alí cada problema tem a sua solução. 

Seria fácil a vida se tomássemos nossas drogas diárias com tanta alegria....














Cama Valium,  obra da portuguesa Joana Vasconcelos. Construída com 
as cartelas do famoso antidepressivo, esta obra, como outras desta artista 
conceitual, discute o mundo contemporâneo: seus vícios, suas paranóias 
e suas infinitas contradições. 

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Coquette. Born to be beautiful















































A Coquette é sem dúvida uma das maiores tentações da cidade, e por sorte
ou muito azar fica ao lado da minha casa. Com três lojas em Barcelona,
esta multimarcas tem o melhor da Espanha e do mundo. Alí já encontrei
peças até da Isabela Capeto!
Isabel Marant, A.P.C., Vanessa Bruno, Hoss-Intropia, Tara Jarmon, 
See by Chloé são só algumas das marcas que você pode encontrar.

O nome da loja já diz tudo: Born to be beautiful, um paraíso para as mulheres 
no bairro do Born. A loja seleciona as roupas mais bonitas das coleções dessas 
marcas e as expõe em espaços escolhidos com muito critério: minimalistas, 
arquitetura da cidade velha preservada, pilares metálicos e tetos originais. 
Poucos móveis, mesas retrô com acessórios do mais bom gosto e vitrines 
muito inspiradoras.

Acho que não teve uma amiga que levei lá que não se apaixonou pela loja. 
Tudo é original e da melhor qualidade.























Imagens do jovem fotógrafo sueco Carl Kleiner. Kleiner realiza um
experimentalismo de muito bom gosto. Suas peças gráficas possuem
uma estética muito interessante e os mais variados objetos. 

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

El Rei de la Màgia





Em uma tarde, andando pela carrer Princesa, uma rua que vale cruzar inteira, 
encontrei os lugares e as histórias mais curiosas de Barcelona. Mas sem 
dúvida o mais maluco foi me deparar com El Rei de la Màgia. Uma loja de 
mágica? Fora uma banca de truques do Shopping Iguatemi, acho que nunca 
tinha reparado em nehuma outra loja do gênero. 

Mas esta não é uma loja de magia qualquer. É uma das mais antigas do mundo,
fundada em 1881. Só isso garante uma entrada super bonita, um interior com
estantes e objetos originais e muita história para contar. Os adultos catalães
recordam dos seus tempos de infância na loja: a cortina preta com uma mão
pendurada, os truques que os fascinava. Quase tudo permanece como era anos
atrás. 

Quando entrei na loja não tinha ninguém, então aproveitei para fotografar
 ¨clasdestinamente¨. Mas, antes que pudesse começar, escuto uma voz que vem
de trás da cortina, ¨Nada de fotos¨. Uma pena pelas fotos, mas por outro lado
uma das melhores coisas que já me aconteceu. 

Foi alí que conheci Sara, sem dúvida uma das pessoas mais interessantes que 
encontrei desde que cheguei a Barcelona. Depois de conversarmos um monte, 
descobri que a loja oferece cursos e que em breve vai inaugurar um teatro para
espetáculos místicos. A magia é negócio super sério por lá. 

Ela me convidou para um chá e acabamos amigas. Depois de muita conversa
ela tirou da bolsa uma corrente e uma argola e fez um truque para mim. Tentei 
fazer várias vezes, descobrir o segredo, e nada. Tem que ir lá ou fazer o curso....
um bom mágico nunca revela os seus truques.











Poemas objeto do catalão Joan Brossa, gráficos e carregados de mistério. Em suas obras, Brossa 
explora a magia dos objetos mais vulgares. Seu interesse pela psicologia e pela obra de Freud o 
levam a criar imagens hipnóticas e que o aproximam do surrealismo.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Memorial do Holocausto






















Dedico esta postagem a Manu, uma amiga muito querida, que tem uma
paixão especial por este lugar.

Já faz tempo que quero escrever sobre lugares fora de Barcelona e
aproveitando que viajei neste final de semana (por isso atrasei as
postagens), acho que agora é uma boa hora. Começo por uma cidade que,
apesar de não ter gostado na primeira vez que fui, dei uma segunda chance,
e hoje é uma das minhas preferidas. 

Berlin é cheia de cantos especiais e surpreendentes e, um dos que mais me
impressionou é o Memorial do Holocausto. Uma obra que gerou muita
polêmica, tanta que parecia que nunca ficaria pronta, mas muito forte,
sensível, um marco na cidade. 

Apesar das críticas, o projeto do arquiteto Peter Eisenman, inaugurado em 
2005, já foi visitado por mais de 8 milhões de pessoas do mundo todo. Suas 
2711 colunas de concreto aparente, com diferentes alturas, e o seu solo 
ondulado, constrõem uma topografia na cidade. A obra modifica a paisagem, 
intensifica a predominância geométrica e cinza de Berlin. Mas ao contrário 
do resto da cidade, é densa, compacta.  

Percorrer seus 90 mil metros quadrados é uma experiência inesquecível. O
espaço te suga, te convida a entrar e não te ajuda a sair. Gera claustrofobia,
aflição e, apesar da visão do exterior, gera uma sensação de estar preso em
um labirinto sem fim. A memória dos 6 milhões de judeus mortos no terceiro
Reich está presente o tempo todo nos seus estreitos corredores (com 95cm
de largura). Assim como no seu subsolo, super difícil de encontrar porque
não tem nenhuma indicação. Nele o visitante encontra imagens e registros
de época, além de um banco de dados com a biografia de 700 vítimas do
holocausto.  

Não dá para visitar a cidade e não passar um bom tempo lá. É fácil, porque
além de tudo, ele fica entre o portão de Brandemburgo e a Potsdamer Platz,
dois endereços chave.





¨Spiral Jetty¨ de 1970, obra do artista norte americano Robert Smithson. O grande espiral construído
com pedras e lama cria uma nova atmosfera e realidade na paisagem deste lago em Utah. 
Smithson, junto com outros nomes como James Turrel e Walter de Maria, forma uma corrente artística 
chamada Land Art. Artistas que tem a paisagem e seus materiais como objeto de exploração, estudo 
e intervenção.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Bubô






Mais uma doceria em Barcelona! As vezes me pergunto se a cidade tem muita
oferta ou se eu que sou maníaca.
Acho que um pouco dos dois.
O legal daqui é que a pasteleria catalã se aproxima muito da francesa, com 
aqueles doces lindos, super elaborados, mas ao mesmo tempo eles fogem um
pouco do clássico.

A Bubô é um exemplo desse toque contemporâneo espanhol. Que, começa 
com a comida, e contamina o design da loja. A vitrine super colorida, sempre 
com diferentes desenhos feitos com as caixas dos doces. A loja, com piso e 
bancadas escuras, as caixas e latas de doces, bem modernas.
Confesso que entre os doces da Bubo e os da Hofmann, não tenho dúvida, 
fico com os clássicos. Mas, por incrível que pareça, os macarrons da Bubo são 
mais gostosos e mais bonitos. Além disso, a loja tem um canto super gostoso 
para comer os doces acompanhados por um bom cafezinho, ou no meu caso, 
um bom chá. Sou crítica, mas vale a visita e provar também, 
porque gosto é gosto...

























Sátira feita por Banksy, artista alternativo inglês que começou pixando as 
ruas do Reino Unido e hoje tem trabalhos espalhados por todo o mundo. 
Nessa obra ele questiona a famosa série de pontinhos coloridos do também 
britânco Damien Hirst, dos mais bem pagos artistas da atualidade.