Cuines Santa Catarina

Daqueles restaurantes que eu poderia ir todos os dias (se o preço deixasse) e
sairia sempre feliz e contente. O Cuines é um anexo do Mercado de Santa
Catarina, só isso já garante a qualidade dos produtos, e o ambiente fantástico.
O projeto de reabilitação do escritório de Miralles, conceituado arquiteto
espanhol, flutua e se apoia no antigo mercado preservando as fachadas e os
restos arqueológicos do local. A cobertura, que mais parece um conjunto de
escamas, virou cartão postal da cidade.

O restaurante, um espaço gourmet dentro do Mercado, é um grande corredor
com pé direito duplo, de um lado cozinha aberta para o salão, do outro uma
estante que ocupa toda a extensão (exatamente como eu gosto) coberta de
embalagens, enlatados, vinhos, popart! No fundo do corredor, uma parede
“horta” onde eles plantam ervas.

Tudo é geométrico, simples, informal e de muito bom gosto.
Mesas comunitárias, de madeira rústica, louça branca e cardápio escrito no
jogo americano de papel. Uma tabela com linhas que definem o tipo de
comida (vegetariana, mediterrânea, oriental e na grelha) e colunas com a
categoria da comida (verduras, arrozes, pasta, carnes, peixes e mariscos,
ovos) constrõem um cardápio com opções para todos os gostos e dietas,
tudo do mais fresco. Recomendo a entrada de hummus e babaganush
(pedi para tirar o guacamole porque odeio!) e os peixes.
Mas tudo é muito bom...

Pinturas da série "Wainting" iniciada em 2001 pelo norte americano
Brett Amory retratam personagens da cidade. 

Tealosophy by Inês Berton

Depois da Hofmann achei que valia a pena postar esta loja por uma curiosa
coincidência. Em uma das minhas andanças por Barcelona encontrei uma
loja de chá fantástica e, em uma fase total zen, entrei. Depois de cheirar
milhões de chás, um melhor do que o outro, reparei que em cima do balcão
tinha aquele chá de flor que a Maria Antonietta serve para o irmão em uma
cena do filme. Já tinha visto em São Paulo o chá, então nem dei muita bola
e voltei para os chás cheirosos.

Mas....quando fui pagar a conta -comprei um muito bom para dar de presente 
para minha amiga, Strawberry Fields, chá verde com frutas vermelhas-
reparei no caixa que tinha uma placa do lado das flores que dizia: chá feito 
para o filme Maria Antonieta. Não entendi nada e perguntei para a vendedora. 
Pois é, a dona da loja, Inês Berton, é nada mais nada menos do que uma tal 
guru do chá que, além de ter feito esse para Sofia Coppola, criou um blend 
para o Dalai Lama e outros para os bambambans de Hollywood. Uma loucura...

Enfim, mas apesar dos holofotes, a Tealosophy é super linda e simples. 
É escurinha, com uma decoração oriental e prateleiras cheias de latas lindas, 
cada uma com uma surpresa dentro. Só para conhecer vale super a pena.

"Object in fur" de 1936, conjunto de chá feito de pêlo, obra da artista alemã 
Meret Oppenheim, um dos ícones do surrealismo.

Pasteleria Hofmann

Pensei pensei e não consegui chegar a uma conclusão do que falar na 

primeira postagem. Resolvi escrever sobre uns dos lugares que mais 

freqüento e que sempre que vem alguém a Barcelona levo lá.

Completamente viciada em doce, uns dos meus lugares preferidos na cidade
só poderia ser o que os catalães chamam de pasteleria, tradução, uma doceria
fantástica.

A pasteleria da Hofmann, da chef catalã Mey Hofman, descende de um 
restaurante estrelado Michelin e de uma das melhores escolas de cozinha do
mundo e obviamente mantém este padrão em seus docinhos. Com uma
formação de arquiteta de interiores e designer de Jóias, a chef aplicou esses
conhecimentos em tudo o que leva seu nome.

A decoração da loja, super menininha, com mesas de madeira pintadas de 
branco, os bolos de casamento da vitrine que mudam a cada dois dias, os 
doces com a estética das cortes francesas, tudo é lindo e claro, muito 
apetitoso. Os croissants, crocantes (inclusive ganharam o prêmio de melhores
do ano na Espanha), os brioches, macios, e os macarrons, tão bons quanto os
da La Dureé.

Até a Maria Antonietta ia ficar louca...

Trecho do filme de Sofia Coppola que, depois de uma carreira relâmpago como
atriz, decidiu seguir o exemplo do pai e hoje é referência nos circuitos alternativos
de cinema. Ao retratatar a vida da delfina Marie Antoniette nas cortes francesas de
uma maneira pop a diretora lançou uma estética repetida no mundo inteiro.

A colecionadora de selos

Desde pequena guardo recordações de todos os lugares, das coisas bonitas que 
encontro. Papéis de bala, guardanapos, guias de museu, postais, enfim, aquelas 
porcarias que sua mãe não vê a hora de jogar fora e que acabam em caixas e 
caixas no fundo do armário.

Sou estudante de arquitetura e amo sair pela cidade descobrindo cantinhos 
especiais, coisas perdidas e charmosas. Depois de dar uma sugestão aqui e outra 
ali, acabei escrevendo pequenos guias para os meus amigos, com lugares legais, 
bons restaurantes, lojas bonitinhas, que descobri nas minhas andanças. Enfim 
meus papéis acabaram tendo um uso...

Depois de um ano estudando no Porto e agora em Barcelona, onde moro,  
acumulei várias “recordações” que quero dividir. Lugares legais de arquitetura, 
design, moda, coisas para casa, galerias, museus, são coisas que vou postar. Mas 
ele só faz sentido se quem entrar deixar aqui também uma recordação: um lugar 
que conheceu, uma pintura na cidade, uma sorveteria...qualquer coisa, o que vale 
é a troca. 

“Te avisei que a cidade era um vão.

Na galeria, cada clarão, é como um dia depois de outro dia..”.